Patrulha canina: da II Guerra à ocupação das favelas no Rio de Janeiro
POR CECILIA GIANNETTI
Durante operações especiais em favelas dominadas pelo tráfico, a Polícia Militar do Rio de Janeiro vem captando através de seus radiotransmissores ameaças de morte de bandidos destinadas a um de seus melhores agentes.
“Mirem no ‘Marronzinho’. Tem que pegar o ‘Marronzinho!’.”
Durante operações especiais em favelas dominadas pelo tráfico, a Polícia Militar do Rio de Janeiro vem captando através de seus radiotransmissores ameaças de morte de bandidos destinadas a um de seus melhores agentes.
“Mirem no ‘Marronzinho’. Tem que pegar o ‘Marronzinho!’.”
Boy entrou na mira dos traficas. Agora ele e os outros agentes de quatro patas – ou K9, como são conhecidos nos Estados Unidos; e lá existe até uma revista especializada neles, a http://www.policek-9magazine.com - precisam contar com um reforço de proteção nas patrulhas que acompanham; geralmente cada patrulha do canil da Polícia Militar sai com dois cães e nove policiais, responsáveis pela segurança dos bichinhos. |
Vejam como é a rotina de treinamento desses animais no Curso de Cães de Polícia realizado em Casa Branca/SP [atente para a trilha sonora animada do vídeo] Youtube A história dos cães atuando em situações de perigo junto ao exército data da II Guerra Mundial. |
Cão abastecendo trincheira com munição
A história do Batalhão de Ações com Cães começa em 1955, com sua fundação.
Um cão tem lugar especial na história dos canis policiais. Um filhote que em 1953 foi abandonado na porta do canil da PM em Barro Branco, bairro da zona norte de São Paulo. Os policiais o batizaram Dick, o acolheram e deram a ele o treinamento necessário para que cumprisse as tarefas de seu novo emprego. Tais como exercícios para desenvolver tipos de ataque e a força de sua mordida, além do uso do olfato. Dick tornou-se parceiro do soldado José Muniz de Souza.
Na época o governador de São Paulo, Jânio Quadros, não enxergava serventia para os cães da PM e estava prestes a acabar com o Canil da Polícia (o nome BAC – Batalhão de Ações com Cães, é recente, de 2001, quando sua administração foi finalmente separada do 16º BPM). No que dependesse do governo, os bichos estavam a perigo.
Até que um sequestro ocorreu, sensibilizando a opinião pública: o menino Eduardo Jaime Benevides foi levado na porta de casa. Jânio destacou todo um contingente de viaturas, investigadores e policiais para encontrar “Eduardinho”, como o menino ficou conhecido nacionalmente. Depois de três dias de buscas, nenhum resultado. E vale lembrar: as primeiras 48 horas da investigação policial após o desaparecimento de uma pessoa são decisivas para sua localização e proteção.
Foi quando chamaram a serviço os soldados e cachorros do Canil da Polícia Militar, Dick tinha cheirado o travesseiro do menino e acompanhou José Muniz de Souza e outros soldados enquanto embrenharam-se em um matagal. Rodearam a área até que Dick parou em um ponto e latiu. Ouviu-se o choro do menino raptado, vindo de um buraco de cerca de um metro e meio de profundidade, coberto por folhas, na área onde hoje está o Zoológico de São Paulo.
Não teve jeito: Jânio precisou premiar Dick com uma coleira de prata e ainda voltou atrás na decisão de acabar com o Canil. O “Cabo Dick” morreu em 1959, de hepatite, e hoje tem um busto em sua homenagem no Canil da Polícia Militar de São Paulo.
Os heróis caninos de hoje, como Boy, certamente “preocupam-se” mais com atiradores apontando armas para eles do que com hepatite.
A história do Batalhão de Ações com Cães começa em 1955, com sua fundação.
Um cão tem lugar especial na história dos canis policiais. Um filhote que em 1953 foi abandonado na porta do canil da PM em Barro Branco, bairro da zona norte de São Paulo. Os policiais o batizaram Dick, o acolheram e deram a ele o treinamento necessário para que cumprisse as tarefas de seu novo emprego. Tais como exercícios para desenvolver tipos de ataque e a força de sua mordida, além do uso do olfato. Dick tornou-se parceiro do soldado José Muniz de Souza.
Na época o governador de São Paulo, Jânio Quadros, não enxergava serventia para os cães da PM e estava prestes a acabar com o Canil da Polícia (o nome BAC – Batalhão de Ações com Cães, é recente, de 2001, quando sua administração foi finalmente separada do 16º BPM). No que dependesse do governo, os bichos estavam a perigo.
Até que um sequestro ocorreu, sensibilizando a opinião pública: o menino Eduardo Jaime Benevides foi levado na porta de casa. Jânio destacou todo um contingente de viaturas, investigadores e policiais para encontrar “Eduardinho”, como o menino ficou conhecido nacionalmente. Depois de três dias de buscas, nenhum resultado. E vale lembrar: as primeiras 48 horas da investigação policial após o desaparecimento de uma pessoa são decisivas para sua localização e proteção.
Foi quando chamaram a serviço os soldados e cachorros do Canil da Polícia Militar, Dick tinha cheirado o travesseiro do menino e acompanhou José Muniz de Souza e outros soldados enquanto embrenharam-se em um matagal. Rodearam a área até que Dick parou em um ponto e latiu. Ouviu-se o choro do menino raptado, vindo de um buraco de cerca de um metro e meio de profundidade, coberto por folhas, na área onde hoje está o Zoológico de São Paulo.
Não teve jeito: Jânio precisou premiar Dick com uma coleira de prata e ainda voltou atrás na decisão de acabar com o Canil. O “Cabo Dick” morreu em 1959, de hepatite, e hoje tem um busto em sua homenagem no Canil da Polícia Militar de São Paulo.
Os heróis caninos de hoje, como Boy, certamente “preocupam-se” mais com atiradores apontando armas para eles do que com hepatite.
* Fotos da página no Facebook do BAC: https://www.facebook.com/BACPMERJ